AUTOR
Anderson de Almeida

Na década de 50, o Engenheiro Fernando Lizzi concebeu na Itália uma estaca escavada de pequeno diâmetro, originalmente utilizada para reforço de fundações e realizar o melhoramento do solo, denominada “Pali Radice” ou Estaca Raiz. No Brasil, o emprego da Estaca Raiz tem sido bem difundido, tendo-se adaptado muito bem aos tipos de solos encontrados no país, sendo utilizado não só como reforço, mas como elemento principal de fundação de prédios, pontes e viadutos.
Conforme a norma de fundações, NBR 6122/2010-Projeto e Execução de Fundações, a Estaca Raiz é uma estaca moldada in loco, armada em todo o seu comprimento e preenchida com argamassa de cimento e areia, executada através de perfuração rotativa ou roto percussiva, com a circulação de água durante todo o processo, revestida integralmente, no trecho em solo, por um conjunto de tubos metálicos (para garantir a estabilidade do furo) recuperáveis, que são rosqueados à medida que a perfuração é executada.
Diferentemente dos outros tipos de estacas em que a armação é colocada após o lançamento do concreto, na estaca raiz a armação é colocada antes da injeção da nata de cimento.
São consideradas estacas de pequeno diâmetro entre 15 e 45 cm. Apresentam elevada capacidade de carga, (100 a 1500kN) baseada essencialmente na resistência por atrito lateral com o solo do terreno. Sua utilização é indicada para locais de difícil acesso, subsolo com presença de matacões, reforço de fundações existente, fundações de obras com vizinhanças sensíveis a vibrações ou poluição sonora, ou em terrenos com presença de matacões, rocha ou até mesmo concreto. O processo de perfuração não provoca vibrações, nem qualquer tipo de descompressão do terreno, além de seu maquinário ser de pequeno porte.


As Estacas Raiz podem ser empregadas em contenção de encostas devido à possibilidade de executá-las inclinada.
As vantagens da utilização da estaca raiz são:
- Ausência de vibração e descompressão do terreno, podendo então ser utilizada em terrenos com construções vizinhas
- Possibilidade de execução em áreas de espaço limitado, devido ao equipamento ser de pequeno e médio porte
- Utilização em terrenos com presença de matacões, rochas e concreto, tem capacidade de perfuração de materiais rígidos
- Possibilidade de combater esforços de flexão
- Execução com maiores inclinações (0 a 90º)
- Não provoca poluição sonora
As desvantagens são:
- Custo elevado
- Alto consumo de cimento
- Alto consumo de ferragens para as armaduras
- Grande impacto ambiental
- Obra alagada devido ao grande consumo de água
Para a determinação da capacidade de carga, o método mais utilizado é o método semi empírico de David Cabral (1986) pois leva em conta a pressão de injeção da nata de cimento durante o processo de execução. Esse método leva em consideração também a variação das camadas atravessadas pela estaca.

- Onde:
- B1.N e B2.N – kgf/cm²
- B0.B1.N ≤ 2 kgf/cm²
- B0.B2.N ≤ 50 kgf/cm²
- B0 = 1 + 0,11t – 0,01f
- N – Número do NSPT
- t – Pressão de injeção em kgf/cm²
- f – Diâmetro final da estaca em cm

Recomendações executivas
Como toda estaca, alguns cuidados devem ser verificados durante a execução, com o intuito de garantir a boa execução da estaca:
- Antes de colocar a armadura, deve ser realizada a limpeza interna do tubo de revestimento utilizando-se lavagem (que somente deverá ser considerada concluída quando a água de retorno não apresentar traços de material transportado)
- A armação, em forma de gaiola, deve ser apoiada no fundo do furo
- A injeção da argamassa de cimento deve ser lançada por meio de bomba injetora, com injeção de baixo para cima, até a expulsão de toda a água de circulação contida no interior do tubo. O preenchimento da estaca com argamassa deve ser até a superfície do terreno
- A argamassa utilizada deve conter areia média lavada, fck ≥ 20 MPa, fator água/cimento entre 0,5 e 0,6 e consumo mínimo de cimento de 600 kg/m³
Recomendamos que sempre, ao necessitar executar uma estaca ou um projeto de fundações, consulte um Engenheiro Civil especializado em Geotecnia e execute em primeiro lugar uma sondagem para conhecimento das camadas e resistência do solo.
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